NIVALDO BATISTA DE SOUZA
Nasceu a 7 de fevereiro de 1952, em Santana do Sobrado, Bahia, Brasil, e foi criado em Buritizeiro, Minas Gerais.
Formado em Letras pela Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras Fundação Santo André – São Paulo.
Pertence ao Colégio Brasileiro de Poetas, de Mauá, e ao "Livrespaço", movimento poético surgido em Santo André.
Possui graduação em História - UNIASSELVI (2010). Atualmente é Agente Educacional no COLÉGIO ESTADUAL PROFª RENEÉ CARVALHO DE AMORIM. Tem experiência na área de Educação, com ênfase em Administração Educacional, atuando na área de gestão educacional.
SOUZA, Nivaldo de . Fim de inverno. Poesias.Apresentação na orelha do livro por Roque Luzzi. São Paulo: Editira Pannartz , 1984. 94 p
Ex. bibl. Antonio Miranda - Doação do livreiro Doação do livreiro Jose Jorge Leite de Brito
BURITIZEIRO
Estou em terras longínquas.
Vivendo novas experiências,
Mas continuo atento
À terra de minha infância.
Buritizeiro adolescente!
Foste por 14 anos
Um barco sem marinheiros
Um Brasil sem bandeirantes.
Cavaste estradas na zona rural,
Fabricando poeira e enorme lamaçal
Pouco ajudou o sitiante
No seu habitat natural.
Buritizeiro adolescente!
O que fizeste por teus doentes?
A maioria carente
Sem remédio e sem hospital
Tiveram muitos deles morte brutal.
Buritizeiro adolescente!
O que fizeste pelos matos
Se não ajudas o sitiante?
Imposto caro,
Pouco recurso,
Nenhum incentivo.
Pobre sitiante!
Vende sua terra e marcha para a cidade
Sem muitas alternativas.
Buritizeiro adolescente!
Estou na cidade que mais cresce no mundo,
Não gostaria que crescesses tanto,
Porque perderias tua tranquilidade,
Sujarias teus rios e também o teu céu de anil.
Vejo chegar tua maioridade,
Minha querida Buritizeiro!
Muitos anos de vida,
Pouco progresso.
Estou contente,
Porque ao completares 18 anos
Já pensas na educação
E na saúde de tua gente.
Podem melhorar teu aspecto físico
Sem prejudicar o teu natural
Utilizando-o bem.
De uma forma ornamental.
No tempo que aí vivi era até divertido
Tirar lenha e catar frutas no cerrado:
Pequi, cabeça de nêgo, mangaba e murici.
Naquele cerra
Onde se ouvia falar
De pé de garrafa e saci,
Está tudo desmatado,
Os animais escorraçados
E as aves desterrada.
Trocaram tua vegetação natural,
Lançaram ao fogo
Árvores frutíferas e arbustosas
Por eucaliptos enfileirados
Numa forma desnatural.
28.10. 81
TRISTEZA INFERNAL
Um meigo sorriso,
A mágica de duas pupilas,
Uma palavra amiga,
Fazem um descrente
Suspirar profundamente.
Essa forte pressão
Arranca do seu coração
Uma triste solidão.
Oh! tristeza infernal,
Não aperreies os seres humanos,
Fazendo-os curtir a bebedeira
Das ardentes bagaceiras
E dos cigarros ilícitos.
Deixa os seres humanos
Gozarem a liberdade
De uma boa amizade,
Da paz interior!
21.01.1983
MEU LEME
Andei procurando no eme
Um comandante para o meu leme.
Um deles não gosta de mar
Outro prefere o ar.
Encontrei-o na tê
Um tê contido no eme
Não era um tê grandão
Era um tezãozinho,
Mas prefere andar sozinho.
Procurei-o no a
Nele não contêm o eme,
Mas soube por pouco tempo
Equilibrar o meu leme.
ASTRO-REI
São seis horas de luma segunda-feira de verão,
Ante-véspera de quaresma.
O sol desponta ao Leste
Como uma lua cheia,
Permitindo que os meus olhos o fitem
Sem encandecê-lo.
Como todo nascimento,
Ele desponta, frágil,
Vai adquirindo sua forma natural,
Própria de um país tropical.
São seis e quinze,
Eu não consigo mais fita-lo
Seus raios encandeiam minhas vistas.
Sobre a areia fina da praia,
Entrego-me à força
Bronzeadora de seus raios
Que em poucos minutos
Queimam minha epiderme.
Fevereiro 1982
*
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Página publicada em agosto de 2021 |